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Sabe por que torcedores “chatos” são chamados de “corneteiros”?

UOL Esporte

07/05/2015 06h00

As cornetas estão associadas ao futebol há décadas

A história vem do tempo em que o Palmeiras ainda era chamado de Palestra Itália, nos anos 1930. Na esquina das ruas Caraíbas e Turiassu, conselheiros costumavam se reunir em um bar que era vizinho da Corneta Ferramentas, que se instalou nas redondezas em 1932.

A fábrica era especializada na produção de canivetes, que ficaram conhecidos como "pica fumo", e posteriormente tesouras. Tanto o bar como a fábrica ficavam praticamente em frente ao portão principal do Palestra Itália. Hoje, funciona em Osasco, na Grande São Paulo.

O conselheiro e historiador do Palmeiras, Jota Christianini, conta como foi forjado o termo: "O pessoal da oposição se reunia ali no bar e quando começavam as reuniões do Conselho Deliberativo ou da diretoria, entravam todos juntos". Não demorou para quem alguém fizesse a analogia entre aquele grupo barulhento e a empresa que estava ali instalada.

"Alguém, em um dia, disse algo assim: "lá vem a turma da corneta". Segundo ele, o termo virou um símbolo da oposição palmeirense, notadamente crítica e barulhenta. "O pessoal costumava gritar muito nas reuniões. E 'do pessoal da Corneta' para "corneteiro', foi meio natural. Essa é a história do termo corneteiro, que ficou associado a quem reclama de alguma coisa costumeiramente".

Fachada da antiga fábrica da Corneta, na rua Turiassu

Outra versão da história é a de que funcionários da empresa, em seus horários de folga, costumavam acompanhar os treinos. E que rotineiramente reclamavam do desempenho dos jogadores.

"Uns chegaram a dizer que eles acompanhavam os treinos do telhado da fábrica. Mas para quem conheceu o antigo Parque Antártica, sabe que não seria possível. Ali na frente ficavam as sociais do Palmeiras, justamente a parte que era coberta. Não há fundamento para isso", diz o historiador.

Christianini lembra que mais recentemente outra expressão cunhada dentro do clube ganhou dimensão nacional. E pelo mesmo motivo: "críticas recorrentes ao desempenho do time dentro de campo".

Em sua primeira passagem pelo Palmeiras, entre 1997 e 2000, o técnico Luiz Felipe Scolari se referiu aos seus críticos, que se sentavam nas numeradas do Parque Antartica, como "Turma do Amendoim".

No seu retorno, em 2010, ele viu a demolição do estádio e a construção da nova arena. Christianini conta a história que um dos engenheiros relatou a ele.

"No período da construção da nova Arena, o Felipão chegou a visitar a obra algumas vezes. Em uma das ocasiões perguntou a um dos engenheiros onde ficaria o banco de reservas. Levado até o local, perguntou qual seria a distância para a torcida. Ao perceber o espaço diminuto, teria brincado com o engenheiro: 'Meu amigo, se pedirem eu tiro até o Luan"'. Na época, o treinador era sistematicamente criticado por insistir na escalação do atacante.

Vagner Magalhães
Do UOL, em São Paulo

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